Conhecimento oriental milenar é hoje utilizado no Ocidente como uma ferramenta para estudar a personalidade e promover o autoconhecimento 

Uma das minhas atuações profissionais é como ministrante de Eneagrama. Recentemente, eu apresentei uma palestra sobre essa ferramenta milenar no Grupo de Excelência em Coaching do Conselho Regional de Administração – São Paulo (GEC/CRA-SP), do qual faço parte. Foi uma experiência muito boa apresentar para meus colegas coaches, administradores, psicólogos e consultores uma prática com a qual trabalho e na qual acredito. Pude esclarecer muitas dúvidas a respeito de como se chega no autodiagnóstico das personalidades, qual o ganho de se fazer o Eneagrama e percebi muita curiosidade em relação a essa prática, sua história e sua utilidade.

No meu último artigo, falei sobre autoconhecimento e comentei sobre essa ferramenta, que considero muito poderosa para esse processo. O recurso oriental existe há mais de 4.500 anos e foi trazido para o Ocidente por George Ivanovich Gurdjieff, filósofo armênio, e Oscar Ichazo, filósofo boliviano. Mas foi nos anos 1970 que o psiquiatra chileno Claudio Naranjo desenvolveu todo o conhecimento que se tem hoje sobre os eneatipos.

O Eneagrama é um estudo de personalidade. O processo para chegar às conclusões sobre uma pessoa é diferente do praticado por psicólogos e coaches. Terapia e coaching geralmente demandam meses para que alguém se conheça melhor. O Eneagrama permite descobrir muito sobre si mesmo em poucos dias e permite um autodiagnóstico. Ou seja, a própria pessoa, ao ouvir sobre os nove eneatipos e o que motiva cada um dos comportamentos, concluirá qual deles o representa.

Como funciona o Eneagrama?

A base do Eneagrama é um triângulo onde estão os três centros, também chamados de três pilares. Eles representam as características marcantes presentes na personalidade das pessoas.

  • O Centro Instintivo-Motor representa quem possui muita energia, é muito esquecido de si, utiliza mal a energia da raiva (exagerando ou interiorizando), é voltado para a ação, controle e poder, é compulsivo e tende à fuga de seu mundo interior.
  • O Centro Emocional representa quem tem uma preocupação exagerada com a imagem, depende do outro e das relações, considera tudo uma questão pessoal e é incerto de sua identidade.
  • O Centro Intelectual representa quem quer saber e possuir informações, quem tem pouco “pé no chão”, é impessoal, é idealizador, tem dificuldade de ação e facilidade de abstração.

Em certa medida, é possível fazer um paralelo desses centros com o que hoje a neurociência chama de “três cérebros”. Na neurociência, o cérebro reptiliano é responsável pelo instinto e pela sobrevivência, funcionando automaticamente. O sistema límbico é onde se desenvolvem as emoções, a afetividade e as experiências espirituais. Por fim, o neocórtex é responsável pelos pensamentos abstratos, pela consciência e pela cognição.

Dessa base triangular nasce um diagrama de nove pontas e dentro de cada um desses três centros existem três eneatipos, com seus respectivos comportamentos e motivadores que descrevem a personalidade de cada um:

– As pessoas dentro do Centro Instintivo-Motor, podem se encaixar nos eneatipos 1-ira, 8-luxúria ou 9-preguiça.

– Quem está no Centro Emocional pode ser dos tipos 2-orgulho, 3-vaidade e 4-inveja.

– Os do Centro Intelectual podem se expressar pelas personalidades 5-avareza, 6-medo e 7-gula.

Eneagrama

Figura do Eneagrama (Fonte: Fundação Claudio Naranjo)

O coaching e o Eneagrama

Toda a metodologia do Eneagrama faz com que o indivíduo se entenda mais. Digo por experiência própria: um coachee que se conhece, que reconhece seus comportamentos repetitivos e sua personalidade, tem uma consciência maior de onde está e aonde quer chegar – a base dos trabalhos de coaching.