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Por que é tão difícil assumir responsabilidades?
Ser responsável significa fazer escolhas nem sempre confortáveis, mas só assim é possível sair da zona de conforto
Parece claro, mas nem sempre é: responsabilidade é dar conta de tudo aquilo o que lhe é dado – ou conquistado – para cuidar. Da planta que precisa ser regada na varanda da casa até uma equipe de 20 pessoas que precisa de um direcionamento para os projetos em que está envolvida. Do filho que precisa de atenção ao pai que precisa de companhia para ir ao médico.
Convivo com muitas pessoas, dentro e fora do consultório, que têm dificuldade de assumir responsabilidades. Seja por medo ou insegurança, elas não se sentem capazes de realizar algo e desistem de si mesmas.
Responsabilizar-se significa, em algum momento, solucionar dilemas, fazer escolhas desconfortáveis, renunciar e correr riscos. Ser o gestor de uma empresa que no meio da crise precisa reduzir o número de funcionários é uma posição incômoda. No longo prazo, as dificuldades permitirão que a pessoa amadureça, além de aprender mais sobre si mesma.
Não se responsabilizar, por sua vez, é não assumir compromisso com os outros ou deixar suas tarefas serem resolvidas por quem vier depois. Muitas vezes, essa transferência é feita de forma sutil, com toques de autoengano. Os negligentes enganam-se e tentam convencer quem está à sua volta de que a responsabilidade de fato não é deles – é de outro. Com essa conduta, não só se deixa as demais pessoas sobrecarregadas, como se abre mão do o controle da própria vida. Uma vez que não quer ser responsável pelo que faz, não se caminha com as próprias pernas nem se assume a autoria das iniciativas. Já ouvi frases como: “Se Deus me der um emprego, eu vou estudar”. Por que mesmo que é preciso esperar um emprego para matricular-se em um curso?
Diferente da responsabilidade, que ninguém se confunda, é a obrigação. Essa está relacionada a imposições, seja para si mesmo, ou uma imposição de terceiros. Uma obrigação pode acabar com a motivação para a tarefa, o que leva algumas pessoas a procrastinarem.
A disposição para assumir responsabilidade aumenta a capacidade de uma pessoa de viver bem consigo mesma e em sociedade, pois ela estará consciente de seus atos, respondendo pelo que faz. É confiável. Quem responsabiliza-se está mais preparado para a vida do que quem transfere e se omite. De que lado você quer estar: de quem vai e faz, ou de quem fica sentado esperando que as coisas sejam feitas?
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No meu trabalho com pessoas em coaching, campo sistêmico, eneagrama ou terapia, uso muito o termo engraçado: ” Não jogue fora a água da bacia que usou para lavar a criança, com a criança dentro!”
Ou seja no afã de sermos mais produtivos, mais concentrados, podemos passar batidos pela frase no meio do texto, que diz:” Pesquisadores da Universidade de Wisconsin estudaram o comportamento de pessoas que praticam a técnica com regularidade“.
Quem pratica com regularidade SABE que a “NÃO RESPONSIVIDADE” é o benefício supremo e só uma postura de vida quanto a isso fará florescer!!!
Boa prática !
Habilidades de um líder positivo
Líderes não devem tentar se encaixar em um perfil fechado, mas desenvolver habilidades que os distinguem da maioria .
Comumente em processo de coaching a liderança do coachee é um dos pilares e por isso deve ser analisada com cuidado, sem “comprar conceitos” que muitas vezes não condizem com a realidade.
O que é necessário para ser um líder? Existe um perfil ideal para cargos de gestão? As reportagens na mídia dizem que sim. Descrevem um tipo exato para seguir, como uma fórmula. “Faça isso, seja assim, siga os exemplos dessa pessoa e você será um bom líder”. No entanto, eu não acredito que exista um perfil único e ideal. Para mim, seguir padrões criados pelos outros só faz com que mais pessoas sejam iguais umas às outras, como se a liderança fosse uma moda para seguir.
Eu acredito em líderes positivos. São aqueles que usam suas habilidades para desenvolver todo o entorno que os cerca, independentemente de seu perfil e jeito de ser. Um líder positivo cresce e permite que os outros cresçam também. Há algumas habilidades que considero serem fundamentais.
A primeira delas é a flexibilidade do líder. O poder que ele tem para se adaptar a cada situação e a cada pessoa com a qual ele precisa lidar. Por exemplo, há momentos em que ele deve ser um líder coach, que acompanha seus funcionários e oferece ajuda quando surgem dúvidas ou dificuldades no trabalho. Há momentos em que deve ser autoritário e momentos de ser mais democrático. Situações que exigem punição e outras que pedem premiação. Depende da necessidade de cada momento e do perfil da equipe. Se a empresa precisa fazer cortes, por exemplo, o líder não vai até os 300 funcionários para perguntar individualmente e democraticamente o que eles pensam que deve ser feito. Ele vai ter que tomar decisões sozinho, ainda que desagradem, e deve ter a inteligência de usar alternativas necessárias para cada situação que enfrentar.
Uma vez que o líder não tem um perfil exato, ele pode se ajustar às pessoas que lidera, entendendo quais incentivos movem cada uma delas. Cada pessoa trabalha melhor sob um diferente tipo de tratamento.
Por conta disso, um líder não pode só cobrar metas e mais metas. Deve entender o que seus subordinados esperam e tentar ajudá-los a alcançar isso. Muitos não estão no emprego apenas pelo dinheiro. Querem fazer uma faculdade, aprender mais com seus chefes, ter um filho. As pessoas têm sonhos. Se o líder percebe esses desejos e tenta ajudar cada um da sua equipe a realizá-los, tende a ser muito mais aceito e ter mais colaboração do que o líder que não dá atenção para seu time.
A percepção do ambiente também é fundamental para o líder. Seus sentidos devem estar muito aguçados para ver, ouvir, conversar com sua equipe, sentir e perceber como estão todos e o lugar de trabalho. Essas percepções contribuem para tomar decisões.
Outra característica essencial é o respeito. Tratar bem desde quem serve o café até quem senta na mesa de presidente. Assim, é possível criar um ambiente onde as pessoas não se incomodam em ser lideradas, pois há um respeito mútuo.
Uma dúvida comum é se idade importa para o líder. Nesse aspecto, concordo com as palavras da professora da Universidade da Califórnia (UCLA), Barbara Lawrence. Ela afirma que “o papel desempenhado pela idade depende mais das crenças das pessoas sobre a idade do que da idade em si.” Acredito que a idade não importa. O que faz diferença é a experiência ou a inexperiência de cada profissional. Um jovem pode ser experiente para um perfil específico de liderança dependendo de sua trajetória profissional.
Como defendi inicialmente, não acredito que exista um tipo de líder bom para seguir, mas existem práticas que essa função demanda. Respeito, compreensão, percepção de tudo e todos e flexibilidade são exemplos de habilidades que um líder deve desenvolver.
No final, quem decide se um líder é bom ou não são aqueles inspirados por ele. A pergunta que eles devem se fazer é: “Eu cresci sendo liderado por essa pessoa?”. Os profissionais devem sentir que estão sendo apoiados e ter vontade de seguir aquele líder. Sem isso, o verão apenas como mais um chefe.
Em momentos de crise, conheça-se!
Como o autoconhecimento pode servir de ferramenta para se recolocar no mercado
Muitas vezes sou procurado por profissionais em fase de recolocação para um processo de coaching e me entusiasma muito ver profissionais neste momento de crise, sabendo fazer da crise, uma oportunidade de repensar e reavaliar tudo e sair dela melhor.
Você está feliz? Já parou um tempinho para analisar e revisar a sua vida? Na correria da rotina, muitas vezes, não temos tempo para nos observar. Há momentos, porém, em que voltar os olhos para nós mesmos faz a diferença. Por exemplo, em tempos de crise – como a que vivemos na economia e política do país e que tem levado milhares de brasileiros ao desemprego. A agenda de muita gente, de repente, esvaziou. Mas ficar parado não dá. Se, além de procurar novos empregos, as pessoas aproveitassem o momento de transição para refletir sobre quem elas realmente são e o que querem de fato em suas vidas, poderiam sair fortalecidas deste período tão difícil.
Na semana passada ministrei um workshop na TopMind, empresa especializada em tecnologia da informação, telecom e RH estratégico. Esse curso fez parte do Top+Próximo, evento que acontece toda terça-feira e tem como objetivo auxiliar profissionais, que perderam seus empregos, a terem novas oportunidades de formação e incentivos na busca por uma recolocação no mercado. O projeto já completou um ano e é sustentado pelo seguinte tripé: 1) capacitação, pois visa preparar o profissional para voltar ao trabalho; 2) networking (os participantes constroem e mantêm uma rede de contatos); e 3) oportunidade: a TopMind ajuda os participantes a encontrarem emprego compartilhando vagas em grupos com as pessoas que foram aos workshops.
Na ocasião, falei sobre autoconhecimento, um tema que considero fundamental para uma vida bem-sucedida, mas ao qual, em geral, se presta . Por considerar um assunto tão importante, já o discuti de diversas formas em artigos anteriores. Mas sempre vale a pena retomar – ainda mais sob diferentes perspectivas.
Como o público era formado por profissionais que estão fora do mercado de trabalho em função da crise, foquei na relevância de se aproveitar esse momento para fazer uma revisão na vida, profissional e pessoal. A minha intenção era fazer com que os presentes refletissem sobre sua postura. Eles se colocam no papel de vítimas, carregadas pela maré da vida? Ou se posicionam como agentes ativos da própria caminhada, com o controle das ações e emoções em suas mãos? Questionei se sentiam-se felizes. Se não, o que os deixava infelizes e o que estavam fazendo para melhorar sua situação? Para mim, o ponto crucial estava em despertar a reflexão sobre as próprias escolhas de tempos em tempos. Nada justifica que nos esqueçamos de nós mesmos.
Os frutos de um mergulho interno
Por meio do autoconhecimento e, logo, do autodesenvolvimento, a pessoa tende a criar mais autonomia. Assim, pode se sentir mais preparada para voltar ao mercado de trabalho. Identificar a importância de se autoconhecer é o primeiro passo para se tornar um profissional mais competente – e consciente. Afinal, como é possível gerenciar algo ou alguém externo se não gerenciar você mesmo? Como entender as motivações alheias sem entender o próprio funcionamento?
Em momentos desafiadores, como quando se perde um emprego, a resiliência é colocada à prova. Fora do jogo e da zona de conforto, somos obrigados a olhar para nós mesmos sem distrações de compromissos ou status. Nesse contexto, o processo de autoconhecimento pode ser ainda mais doloroso e difícil.
Mergulhar em si mesmo, no entanto, não significa procurar erros, falhas e tentar se livrar deles. Trata-se de encarar, sim, erros e falhas, mas com disponibilidade para reconhecê-los, compreender as próprias limitações e, a partir dessa noção clara de si, traçar um caminho a seguir. É como pensar: “Bom, eu sou assim. E agora? O que posso fazer com isso?”. Não se trata de certo nem errado, apenas de jeitos de ser. Com esse olhar, com o tempo, a tendência é que a vida fique mais leve e mais funcional.
Segundo William Shakespeare, “de todos os conhecimentos possíveis, o mais sábio e útil é o conhecer a si mesmo”. Eu concordo com o dramaturgo inglês, pois não adianta o profissional saber tudo sobre a área em que trabalha, e não se conhecer. Como esse profissional pode ser feliz, realizado e se sentir bem se ele não sabe o que o move intimamente, se não conhece e não trabalha as próprias limitações?
Ao ser demitida, a pessoa recebe um convite silencioso: aprender com os seus mecanismos e registros internos. Como as vivências, experiências e conhecimentos que acumulou vão à tona em um momento difícil? Como usar esses recursos para lidar com a nova realidade? O que fazer dali para a frente?
É possível enfrentar a situação com os olhos abertos, com disposição para aprender, crescer e amadurecer. Com isso, pode-se sair fortalecido desse período da vida, talvez até mais rápido do que se ficasse procurando culpados pelo ocorrido ou um novo emprego, sem fazer uma pausa para olhar para dentro.
Se você está nessa difícil fase, sem emprego e na busca por um, não se desespere. Pare. Respire. Observe-se e conheça-se um pouco mais. Assim, você estará mais completo e lapidado para voltar com tudo para o mercado.
Já ouviu falar em constelação sistêmica organizacional?
Entenda como a visão sistêmica pode melhorar o funcionamento das relações dentro e fora das empresas
Por trás de toda relação humana, existe um sistema ditando a dinâmica. Ou, em outras palavras, um conjunto de elementos reunidos que interagem entre si, influenciam-se e estão em constante mudança. Complicado? Tanto quanto podem ser as interações sociais que fazem parte do cotidiano de todos nós. O objetivo do trabalho de constelação sistêmica organizacional é justamente descomplicar e esclarecer as dinâmicas nem sempre explícitas que regem os contatos – e contratos – sociais.
Os sistemas também estão presentes na estrutura de organizações como governos, empresas, famílias, clubes e autarquias. Isso porque grupos de qualquer natureza estabelecem um modus operandi que atua em mão dupla: os indivíduos impactam o todo com seu comportamento, e o todo influencia cada integrante. Aqui, abordarei dois sistemas em especial, referentes aos ambientes familiar e organizacional.
Pela visão tradicional, uma família é formada por indivíduos independentes reunidos pelo laço sanguíneo. Já pela perspectiva da constelação sistêmica, a família é caracterizada pela maneira como interagem os membros do grupo. Por este ponto de vista, o mais importante é entender como se dão as interações entre as pessoas – e não quem são as pessoas individualmente. Um sistema é constituído por diversas partes singulares, mas que, quando juntas, refletem propriedades que não tinham quando separadas. Por isso que, segundo o conhecimento da constelação, ainda que fossem trocados os integrantes da família, a tendência seria que o sistema estabelecido se mantivesse, apenas com novos personagens, como acontece em outros grupos sociais.
A família se destaca de outras sociedades porque é o primeiro sistema do qual todos nós faremos parte ao nascer. É, portanto, o responsável pela base das relações que virão a seguir na vida. É nesse ambiente que se dá o contato inicial com as tradições e a cultura – o que, de alguma forma, influenciará a formação dos valores essenciais de cada pessoa. Diferentemente de outros sistemas, pertencer à família é incondicional, automático e eterno. Sim, porque mesmo depois de morrer cada membro continuará a ter seu lugar marcado naquele grupo.
No comando dos sistemas
No ambiente organizacional, o pertencimento é condicional à contribuição de cada um. Tanto a pessoa quanto a empresa precisam alimentar o vínculo para que ele se estabeleça e seja mantido. Ainda assim, trata-se de uma conexão temporária, que termina no momento em que o contrato profissional for rompido.
Outra diferença entre os sistemas familiar e organizacional está na maneira como as ações de dar e receber se equilibram (ou não). No âmbito familiar, há um natural desequilíbrio: os pais dão muito mais para os filhos, que pouco devolvem enquanto estão no período de formação, já que as crianças precisam de auxílio para se desenvolver. Já no sistema organizacional, espera-se um equilíbrio entre o que se oferece e o que se recebe em contrapartida. O quanto um funcionário trabalha, contribui e demonstra competência deve estar à altura do que a organização retribui em forma de salário, benefícios e reconhecimento.
O princípio da ordem é mais complexo ainda do que nas famílias, onde “simplesmente” deve-se obedecer à ordem do mais antigo, ou de quem chegou primeiro. Nas organizações, a ordem deve contemplar a antiguidade, mas também a ordem de importância ou responsabilidade do cargo e a de importância estratégica da área para a sobrevivência do negócio.
Quando os princípios sistêmicos são considerados e seguidos pelos integrantes do grupo, a organização tende a funcionar de maneira mais harmoniosa, suave e confortável – assim como acontece na família. Esses princípios, porém, não são regras claras, rígidas nem simples. São apenas pistas que indicam como naturalmente um sistema pode operar melhor. Mesmo que essas indicações não sejam seguidas, o sistema funcionará, mas tende a apresentar ruídos e lacunas de comunicação, impedindo que se realize todo o potencial do grupo. Como uma engrenagem que atua fora de sincronia.
Com a aplicação da constelação sistêmica é possível identificar e analisar as dinâmicas em uma família ou empresa. O trabalho deixa claro que a soma dos padrões de comportamento que se revelam na interação entre as pessoas e os diversos elementos (como missão, propósito, mercado, clientes, meio ambiente etc.) determina os resultados atingidos pelo sistema. Agendas ocultas, dificuldades de relacionamento, ressentimentos e outras questões que passam despercebidas no dia a dia ficam claras, assim como o impacto que podem causar ao desempenho do grupo.
Em uma empresa, essas revelações podem ser a chave para um funcionamento mais harmonioso e a consequente geração dos resultados esperados.
Nada menos que 100%
Você é um perfeccionista? Saiba quando exigência demais atrapalha
Você não faz nada que seja menos do que ótimo? Evita ser levado por impulsos? Só se arrisca se souber que sua performance será excelente? Na escola a nota 9,5 era decepcionante? Se as atividades nas quais você se envolve só fazem sentido quando o resultado é 100% e se algo “mais ou menos” não lhe serve, eis o diagnóstico: você é um perfeccionista.
O problema de mirar o perfeito é ficar paralisado. Ao estabelecer um nível tão alto para o desempenho, limitamos nossos horizontes. Ao acreditarmos que não conseguimos fazer algo excepcional, deixamos de agarrar muitas oportunidades e iniciativas que poderiam ter sido bem-sucedidas. Sequer tentamos temendo o resultado.
Se você se identifica com esse padrão, talvez não se lembre de quando começou a buscar a perfeição em tudo. A raiz desse distúrbio pode vir, como em muitos casos, do ambiente familiar, ainda que seja de forma sutil e não verbalizada. Por exemplo, se algum parente próximo for perfeccionista e a pessoa cresce assistindo-o batalhar, frustrar-se e fazer de tudo para alcançar o “mais que perfeito”, pronto. Aí está um modelo no qual pode se espelhar para cultivar essa prática mesmo que de forma inconsciente.
Mas não é só por espelhamento que o perfeccionismo aparece. Há situações em que a busca pela perfeição é um modo de sobrevivência que se cria para resistir ao ambiente. Na infância, por exemplo, a pessoa pode sentir que não é o filho preferido. Pode acreditar ser burro, feio ou chato. De novo: não significa que alguém disse isso para ela. A criança interpretou alguns sinais chegando a essa conclusão. Mas, então, como fazer para ser o filho amado? Como compensar a suposta feiura ou burrice? Sendo perfeito em tudo que eu fizer, muitos concluem. Melhor aluno, melhor filho, melhor pessoa. Só assim ela acredita que terá destaque. E passa a correr atrás do impossível como um padrão de vida.
O lado sofrido do perfeccionismo
Para saber se alguém é perfeccionista, basta reparar se a pessoa costuma estar insatisfeita ou com dúvidas sobre a qualidade do que faz. Pode ser no trabalho, em relacionamentos ou em qualquer outra área de sua vida. Outro sintoma que aparece em alguns perfeccionistas é a frustração. O desejo de ter feito mais no dia, na semana, no ano, na vida – não concretizado por falta de segurança e pela necessidade de acertar em cheio sempre. Quando agimos assim, é comum deixarmos as possibilidades boas escaparem enquanto esperamos as ótimas possibilidades. Daí o ditado que o ótimo é inimigo do bom.
Há pessoas que, além de buscar perfeição em si mesmas, esperam o mesmo dos outros, tornando-se muito crítica. Há sempre algo que falta ou que sobra. A questão é que ninguém é perfeito e relacionamentos só são construídos quando aceitamos essa verdade. Exigir demais pode nos deixar sozinhos.
Você também pode usá-lo a seu favor
Claro que o perfeccionismo também tem seu lado positivo. Pessoas com essa tendência tendem a ir na contramão dos impulsos, avaliar com cautela as possibilidades antes de agir e estudar os casos mais do que outros. Além disso, a busca da perfeição pode motivar um treino e uma dedicação acima da média, o que de fato pode levar a um resultado acima da média.
Como saber se o perfeccionista dentro de você está atrapalhando ou ajudando? Pergunte-se: esse traço causa prejuízo ou sofrimento pessoal? Causa prejuízo ou sofrimento social? O que você perde por tentar ser perfeito? Buscando essas respostas a pessoa tende a ganhar consciência dos prejuízos e dos benefícios de ser perfeccionista. Poderá colocar na balança os prós e contras para entender quanto o lado positivo é maior que o negativo (ou vice-versa).
Para aquele perfeccionista que se sente bem e gosta de ser assim, só tenho uma dica: seja feliz! Para aquele que o lado negativo pesou mais na balança, saiba que é possível controlar toda essa necessidade de perfeição.
Diminuindo a exigência
O primeiro passo é investigar a origem dessa característica. Por que criou esse padrão de comportamento? Em paralelo, observe que outras pessoas são felizes mesmo sem executar suas atividades com perfeição. Essa visão cria uma oportunidade para o desenvolvimento de outros padrões, diminuindo intencionalmente seu grau de exigência. O segundo passo é entender que tentar fazer o melhor não é um problema. O problema é não se contentar com nada além da perfeição. Busque, diariamente, dar o seu melhor e contentar-se com o resultado que você conseguiu, não se frustrando quando ele não for o melhor de todos. A verdade é que ele nunca será.
Para o perfeccionista recuperar uma falha que acredita ter – como ser feio, burro ou o menos querido – é preciso, antes de tudo, perceber que isso é uma fantasia criada por ele. Todos nós temos imperfeições, mas elas não nos transformam em rótulos. Sugiro um exercício: faça algo imperfeito de propósito e preste atenção à reação alheia. Pergunte-se: “Se eu deixar de ser perfeito amanhã, meu chefe vai me demitir? A minha esposa vai me largar? Meus filhos vão me negar?” Ao racionalizar o que se sente, a tendência é tirar o peso emocional da situação e ver que não há tragédia na situação. Nenhuma catástrofe vai acontecer ao se abandonar a perfeição. Corre-se o risco até de acontecer o contrário: a vida melhorar.
Já ouviu falar em Eneagrama? Entenda a técnica de autoconhecimento
Conhecimento oriental milenar é hoje utilizado no Ocidente como uma ferramenta para estudar a personalidade e promover o autoconhecimento
Uma das minhas atuações profissionais é como ministrante de Eneagrama. Recentemente, eu apresentei uma palestra sobre essa ferramenta milenar no Grupo de Excelência em Coaching do Conselho Regional de Administração – São Paulo (GEC/CRA-SP), do qual faço parte. Foi uma experiência muito boa apresentar para meus colegas coaches, administradores, psicólogos e consultores uma prática com a qual trabalho e na qual acredito. Pude esclarecer muitas dúvidas a respeito de como se chega no autodiagnóstico das personalidades, qual o ganho de se fazer o Eneagrama e percebi muita curiosidade em relação a essa prática, sua história e sua utilidade.
No meu último artigo, falei sobre autoconhecimento e comentei sobre essa ferramenta, que considero muito poderosa para esse processo. O recurso oriental existe há mais de 4.500 anos e foi trazido para o Ocidente por George Ivanovich Gurdjieff, filósofo armênio, e Oscar Ichazo, filósofo boliviano. Mas foi nos anos 1970 que o psiquiatra chileno Claudio Naranjo desenvolveu todo o conhecimento que se tem hoje sobre os eneatipos.
O Eneagrama é um estudo de personalidade. O processo para chegar às conclusões sobre uma pessoa é diferente do praticado por psicólogos e coaches. Terapia e coaching geralmente demandam meses para que alguém se conheça melhor. O Eneagrama permite descobrir muito sobre si mesmo em poucos dias e permite um autodiagnóstico. Ou seja, a própria pessoa, ao ouvir sobre os nove eneatipos e o que motiva cada um dos comportamentos, concluirá qual deles o representa.
Como funciona o Eneagrama?
A base do Eneagrama é um triângulo onde estão os três centros, também chamados de três pilares. Eles representam as características marcantes presentes na personalidade das pessoas.
- O Centro Instintivo-Motor representa quem possui muita energia, é muito esquecido de si, utiliza mal a energia da raiva (exagerando ou interiorizando), é voltado para a ação, controle e poder, é compulsivo e tende à fuga de seu mundo interior.
- O Centro Emocional representa quem tem uma preocupação exagerada com a imagem, depende do outro e das relações, considera tudo uma questão pessoal e é incerto de sua identidade.
- O Centro Intelectual representa quem quer saber e possuir informações, quem tem pouco “pé no chão”, é impessoal, é idealizador, tem dificuldade de ação e facilidade de abstração.
Em certa medida, é possível fazer um paralelo desses centros com o que hoje a neurociência chama de “três cérebros”. Na neurociência, o cérebro reptiliano é responsável pelo instinto e pela sobrevivência, funcionando automaticamente. O sistema límbico é onde se desenvolvem as emoções, a afetividade e as experiências espirituais. Por fim, o neocórtex é responsável pelos pensamentos abstratos, pela consciência e pela cognição.
Dessa base triangular nasce um diagrama de nove pontas e dentro de cada um desses três centros existem três eneatipos, com seus respectivos comportamentos e motivadores que descrevem a personalidade de cada um:
– As pessoas dentro do Centro Instintivo-Motor, podem se encaixar nos eneatipos 1-ira, 8-luxúria ou 9-preguiça.
– Quem está no Centro Emocional pode ser dos tipos 2-orgulho, 3-vaidade e 4-inveja.
– Os do Centro Intelectual podem se expressar pelas personalidades 5-avareza, 6-medo e 7-gula.
O coaching e o Eneagrama
Toda a metodologia do Eneagrama faz com que o indivíduo se entenda mais. Digo por experiência própria: um coachee que se conhece, que reconhece seus comportamentos repetitivos e sua personalidade, tem uma consciência maior de onde está e aonde quer chegar – a base dos trabalhos de coaching.
Por que investir em um processo de autoconhecimento
As técnicas para mergulhar dentro de si mesmo são muitas, incluindo o Eneagrama, uma das minhas especialidades
Em agosto deste ano, Usain Bolt, a lenda do atletismo, se aposentou com oito ouros olímpicos e três recordes mundiais. Mas o que levou Bolt a encerrar sua carreira nas pistas? Autoconhecimento. Isso mesmo. Ele foi capaz de reconhecer sua limitação física e perceber que seu corpo não aguentaria mais manter o ritmo de antes. No caso do atleta, a percepção sobre seu físico foi relevante, mas isso faz parte de uma percepção sobre si mesmo que pode ser muito mais abrangente, incluindo nosso lado racional e emocional.
Geralmente, chegamos a um momento da vida em que queremos entender por que nosso comportamento é diferente dos outros. “Que características eu tenho que diferenciam meu ser, agir, pensar e falar dos demais? Que filtros fazem de mim o que sou?”. É um dos recorrentes questionamentos que escuto no meu consultório. Perguntas como estas são um impulso comum para o autoconhecimento. A busca interna não começa em um belo dia no qual você acorda “inspirado para se conhecer mais”. O processo de autoconhecimento é gerado por dúvidas, dor, sofrimento – sensações que incomodam e, por isso, fazem alguém querer se entender melhor.
Há meios diferentes de buscar-se. Há quem se identifique com religiões, que podem servir de guias para essa procura, ou com a filosofia, que nos faz questionar muito sobre “quem sou?”. Há também quem prefira observar o próprio corpo, atitudes, emoções e comparar-se com os outros – esse pode ser um caminho autônomo para o autoconhecimento. “Por que sou assim? Por que eu tenho isso e os outros não?”. Ou o contrário.
Porém, acredito que não seja fácil a busca por autoconhecimento sem um mentor ou instrutor. A ideia de um guia, uma religião, uma filosofia ou um terapeuta é sempre a mesma: ajudar a pessoa a parar um pouco, a ver a própria vida de fora, em perspectiva, e evitar que ela internalize toda cultura, informações e história familiar como verdades absolutas. O objetivo é questionar-se sobre tudo isso: “É assim, mas será que tem de ser?”.
Uma ferramenta muito poderosa de autoconhecimento é o Eneagrama. Esse recurso milenar tem como uma de suas aplicações o estudo de nove tipos de personalidade. A partir de descrições detalhadas não só dos comportamentos, mas também dos motivadores desses comportamentos, cada pessoa costuma se identificar principalmente com um tipo – não é preciso que um terapeuta, coach ou psicólogo lhe diga isso. É um instrumento de autodiagnóstico de suas motivações e fixações. Essa autoavaliação tende a aumentar a confiança no Eneagrama e, consequentemente, o compromisso com o próprio desenvolvimento. Afinal, não foi outra pessoa que descreveu como ela é, mas sim, ela mesma reconhecendo-se.
Por meio do Eneagrama, descobrimos que enxergamos o mundo por um modelo repetitivo. Esse modelo, por sua vez, explica por que costumamos agir de uma ou outra maneira. Cada um dos nove Eneatipos é associado a um vício emocional. São eles: a ira, o orgulho, a vaidade, a inveja, a avareza, o medo, a gula, a luxúria e a preguiça. A partir do momento em que você percebe que seu funcionamento inclui uma dessas neuroses repetitivas, que o leva sempre aos mesmos caminhos e soluções, provavelmente respeitará mais os outros, pois entenderá que eles também são assim, cada um movido por seus padrões repetitivos e automáticos.
Na minha opinião, dois dias de trabalho de Eneagrama equivalem a um ano de terapia. Tem seu lado bom, pois o indivíduo percebe muito sobre si mesmo em um tempo curto. Mas tem seu lado negativo, já que nem todos estão prontos para encarar a si mesmos de maneira tão objetiva. Quem busca autoconhecimento deve estar preparado para sofrer, rever seu modo de pensar, identificar problemas e ainda descobrir como contorná-los. Autoconhecimento é conhecer os próprios limites, saber o que é possível – e o que não é possível – esperar e oferecer para si mesmo e para o mundo.
Mas não pense que, ao descobrir de que Eneatipo você é, vai se entender na hora e pronto. A partir dessa descoberta, você deve observar seus padrões e trabalhar para sair do looping de repetição viciada. Não é porque eu sou do tipo “ira” que vou justificar meus atos violentos apenas pelo Eneatipo. A indicação é entender por que é assim e o que pode fazer a partir dessa consciência.
Claudio Naranjo, psiquiatra chileno e um dos mestres ocidentais do Eneagrama, tem uma frase que cabe muito ao processo de autoconhecimento: “As pessoas são melhores quando compreendem a si mesmas”. Eu concordo com ele. Quando nos conhecemos e compreendemos o que está por trás de nossas ações, paramos de culpar os outros, o mundo e até nós mesmos pelas atitudes que tomamos. O processo de autoconhecimento permite que cada um se responsabilize por completo pela própria vida – o que pode assustar muita gente, mas é fundamental para quem quer compreender mais de si e do mundo.
Eu acredito que, no final da jornada do autoconhecimento, começa um caminho de autoaceitação e de autocompaixão: “Ok, esse sou eu. Agora, o que eu posso fazer conhecendo meus limites e meus padrões repetitivos? Como posso ser melhor”? Muitas vezes, a pessoa pode não gostar do “novo eu” que está conhecendo. Aceitar-se e decidir o que fazer com o que se é, é muito melhor do que tentar mudar.
Uma dica para quem quer saber se está no caminho certo para se conhecer melhor é prestar atenção se está sofrendo menos com seus padrões repetitivos automáticos, como comer mais do que deveria, agir impulsivamente etc. No meu trabalho de autoconhecimento, pude me reconciliar comigo mesmo, com o mundo e com os outros. Ao me conhecer profundamente, passei a ter a sensação de que estou fazendo minhas escolhas e não mais sendo carregado pela situação. O mais importante, no processo do autoconhecimento, é eu estar em paz comigo mesmo.
Meditação: uma prática para lidar com a ansiedade
Recebemos estímulos diversos e constantes do mundo. Para manter a saúde mental, é preciso criar a não responsividade
No começo de 2017, a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou o estudo Depression and other common mental disorders, com estimativas preocupantes para os brasileiros. Somos o país com a maior taxa de transtorno de ansiedade no mundo: estima-se que 9,3% da população (cerca de 18 milhões de pessoas) sofra com o problema. A média mundial é de 3,6%.
Não há apenas um fator para explicar os números do Brasil, mas o estilo de vida em grandes cidades está entre eles. O ambiente em que vivemos contribui para ficarmos cada vez mais ansiosos. Há dez anos, não éramos bombardeados por tantos estímulos, com tanta frequência. E-mails, redes sociais, televisões, celulares e a própria dinâmica acelerada dos centros urbanos e dos locais de trabalho fazem com que estejamos o tempo inteiro consumindo informação. Sem pausa.
Além de todas as informações à nossa volta, temos ainda o estímulo da nossa própria mente. Os pensamentos vêm e vão sem parar e são incontroláveis.
Se queremos experimentar alguma paz no dia a dia, é preciso aprender a filtrar esses estímulos e não responder a cada um deles. Por isso, hoje decidi falar sobre meditação, uma técnica que pode contribuir para a saúde mental e uma das alternativas para controlar a ansiedade. Eu pratico há cerca de 15 anos e recomendo a alguns pacientes. Aliás, é curioso que, ultimamente, muita gente use o termo mindfulness, que nada mais é do que uma nova proposta comercial para divulgar a meditação. É uma técnica que existe há milênios e que, recentemente, tornou-se mais popular por não estar vinculada a nenhuma religião ou crença.
A arte da não responsividade
A pessoa ansiosa (e quem não é pelo menos um pouco?) sofre com o que chamo de “pensamentos invasivos”: aqueles que surgem a qualquer momento e geram estresse. Você está no meio de uma reunião, quando de repente… “Ai, a planilha que não terminei!”, “a roupa que preciso trocar”, “a dieta que começa amanhã”, “os e-mails que não abri”. A cada pensamento como esse, o coração acelera e a mente faz um enorme desvio do momento presente.
Quem sofre com pensamentos invasivos (e quem não sofre nem que seja de vez em quando?) adoraria poder controlá-los, mas não existe fórmula mágica que os faça sumir e nunca mais voltar. O que a meditação faz é evitar que as ideias indesejadas tomem o controle da situação. Por exemplo, quando um balãozinho de pensamento “supermercado” aparece, você tem duas opções: agarrá-lo, começar a fazer a lista de compras e pensar na fila do caixa, ou deixá-lo passar, sem responder ao estímulo. A meditação ajuda a termos cada vez mais a segunda reação. Isso é a prática da não responsividade.
O pensamento existe, mas ele é como uma nuvem. Vai passar e outra tomará seu lugar. Não sou obrigado a fazer nada com o pensamento no momento em que ele aparece, tenho a opção de segui-lo ou não. A ideia é cuidar de uma tarefa de cada vez, sem nos tornarmos reféns dos pensamentos.
A não responsividade vai além da mente. Por que meditamos sentados, sem mexer o corpo? Justamente para treinar, também, a não responsividade corporal. Na meditação, a concentração é física e mental. Não vou coçar meu nariz, não vou fazer a lista do mercado, não vou reagir ao barulho do trânsito.
Cuidado com um mito: a meditação não dá resultado no curto prazo. Gosto de comparar com a higiene bucal. Você escova seus dentes todos os dias para ter uma boca limpa e sem cáries no longo prazo, não apenas para que seus dentes estejam brilhando amanhã. Meditação é hábito e disciplina.
Como começar?
Para quem nunca meditou, sugiro começar com meditação guiada ou com foco. Na guiada, uma voz orienta: “Relaxe… Respire fundo… Sinta o ar entrando nas narinas… Sinta o pulmão inflando com o ar…” e por aí vai. Na com foco, o praticante se concentra em um objeto ou em um mantra. Há alguns aplicativos e cursos que orientam iniciantes.
Em relação à posição, a mais tradicional é a lótus (“perna de índio”, com os dois pés para cima) ou a semilótus (apenas um dos pés para cima). Mas para nós, ocidentais, que não estamos acostumados, o importante é manter o cóccix um pouco levantado e os joelhos encostados no chão, na medida do possível. Isso criará um triângulo de firmeza, que cansa menos o corpo e não prejudica a coluna. Para quem tem problemas na coluna e não consegue ficar sentado no chão, outra posição que indico é sentar-se em uma cadeira, manter a coluna ereta e afastada do encosto, pés firmes no chão, mãos apoiadas na perna. A respiração deve ser calma, profunda e controlada.
Outra dica, para quem vai começar, é meditar de manhã ou à noite. Logo depois de acordar ou logo antes de dormir são momentos do dia em que a maioria das pessoas é dona do próprio tempo.
Quando eu comecei a meditar passei por todos os problemas que a maioria das pessoas passa: dores no corpo, sono e a sensação de que a cada minuto meus pensamentos eram ideias brilhantes. Parecia que minha mente queria me sabotar. Conforme fui praticando, a ansiedade diminuiu e entendi quais eram os melhores momentos para meditar.
A não responsividade passou a fazer mais sentido e a atuar na minha vida. Por exemplo, se me fecham no trânsito, não reajo no segundo seguinte xingando o motorista. É como se o corpo e a mente demorassem alguns microssegundos para responder, e a resposta vem mais calma – e eu tenho mais comando sobre ela.
Certa vez, li um monge tibetano, que dizia ter “mente de macaco”. A comparação era com os primatas que aparecem em documentários ao estilo Animal Planet ou National Geographic, que pulam ininterruptamente de galho em galho em densas florestas. Cada pensamento é um macaco, pulando o tempo inteiro. Uma opção é brigar com a mente. A outra é aceitá-la e meditar, observando os pensamentos de passagem, sem acompanhá-los.
O coach não conserta pessoas. Ajuda a desenvolvê-las
Meu papel como coach não é reinventar meus clientes, mas sim ser um apoio para que eles se adaptem a um novo momento no emprego ou na vida
O coach é visto por muita gente como um intermediário que pode “consertar” as pessoas. Na verdade, seu trabalho é uma ferramenta de desenvolvimento para apoiar a transição de um momento A para um momento B. Por exemplo, um gerente regional que é promovido a gerente nacional. Os comportamentos exigidos do profissional em seu novo cargo são diferentes daqueles com os quais ele ou ela estava acostumado. Nessa situação, é preciso reconhecer quais são essas novas habilidades, priorizá-las e traçar um caminho para desenvolvê-las.
O objetivo, porém, não é jogar fora e substituir as características já desenvolvidas pelo profissional. Foram elas que o levaram até o seu novo desafio e que, consequentemente, servirão de base para desenvolver o que ele precisará dali em diante. Gosto de comparar o coach com a compra de uma roupa nova. Se a pessoa vai esquiar nas férias, precisa de um casaco para neve. Ela usará esse casaco enquanto lhe for útil ou couber em seu corpo. Mas o casaco, assim como novas habilidades, é só uma peça extra. O corpo que ela usará para vestir é o mesmo de antes.
O meu papel é ajudar a pessoa a entender o seu momento presente: onde você está? Por que está aqui? O que quer do futuro? Quais são os seus valores? Depois, partimos para descobrir o que falta para lidar com o novo contexto. Nas primeiras sessões, o coachee identifica suas prioridades de desenvolvimento. O coach dá suporte a esse processo, contribuindo para a reflexão do cliente, mas não pode impor suas opiniões. Tem que ajudar eles a pensarem de acordo com a própria disponibilidade, expectativas e repertório, sem entregar respostas prontas. As conclusões e escolhas precisam ser de quem está vivenciando o desafio. Se a pessoa diz que precisa de tempo, está decidido: é tempo o tema que vamos trabalhar primeiro.
No escritório é comum ouvir lamentações como “mas eu não sei fazer isso!”. Aos poucos, durante as sessões, o coachee percebe que as novas habilidades não lhe são tão estranhas assim. Ele já as expressou em situações na faculdade, em momentos pontuais no trabalho ou até mesmo durante a prática de hobbies, como um jogo de basquete, quando, por exemplo, era capitão do time e soube, com espírito de liderança, guiá-los para a vitória.
Após priorizar suas etapas de desenvolvimento, realizamos exercícios práticos, começando pelo simples. Se a necessidade é melhorar as relações e interações no trabalho, não peço, logo na primeira semana, que a pessoa converse com o chefe. Sugiro conversar com colegas da academia ou com o porteiro do prédio, contextos em que o impacto do desafio tende a ser menor. Eu, particularmente, não gosto muito do “filosofês” – ou seja, de prolongar discussões teóricas sobre questões que só fazem sentido quando vividas. O cliente precisa aprender e sofrer com a prática, para chegar à sessão seguinte com temas para discussão, dificuldades, dúvidas baseadas em sua experiência.
Os exercícios dão a cada um a sensação de “eu posso fazer sozinho”, ainda que com alguns tropeços. A construção da autonomia é um pilar do meu trabalho e, por isso, não costumo prolongar os processos de coaching por muito tempo. Cada caso é um caso, mas costumo fazer um plano de, no máximo, seis meses de atendimento.
Se você está na dúvida se precisa ou não de um coach, minha dica é a seguinte: é fundamental que você esteja com vontade de se desenvolver, de adquirir novas habilidades, ou de se entender melhor. Ninguém deve passar por um processo de coaching seguindo a moda, uma exigência de terceiros (ainda que sejam seus chefes) ou simplesmente para aproveitar um benefício da empresa. Já tive muitos clientes que me procuraram após “ganhar” um coaching. Não me surpreendi quando desistiram no meio do caminho. É preciso haver demanda interna por mudança e disponibilidade para a reflexão.
Para quem está convencido da necessidade do coaching, vale dizer que existem coaches profissionais e coaches de vida (conhecidos como life coaching). Estes últimos podem ajudar em um momento de transição que nada tenha a ver com o ambiente de trabalho, como uma separação de casal. A diferença do coaching para a terapia é principalmente o tempo de duração, o escopo do trabalho. O coaching tem um prazo para acabar e lida com uma situação específica, enquanto a terapia pode se estender por anos sem limitações e alterna a atenção às diferentes demandas que surgem na vida do cliente.
As questões que mais batem à porta do meu escritório em busca de coaching são “meu chefe não me apoia” (essa é campeã!), “não sei por que estou fazendo o que faço” (há muita falta de sentido na vida profissional) e “não consigo equilibrar trabalho e vida pessoal”. Além, é claro, de pessoas que estão vivendo momentos de transição. Em cada demanda e com cada cliente, emerge uma discussão diferente. Não existe receita pronta e é isso que torna meu trabalho como gentólogo tão fascinante.
“Metade das empresas que me procuram não sabe por que investe em coaching”
Para resolver problemas dos executivos, muitas empresas pensam logo em ajuda externa e pesquisam os melhores coachs e as melhores escolas de coach. Mas, antes de olhar para fora, é importante que elas olhem para dentro. O que a empresa fez para ajudar esse executivo? A companhia possui uma cultura que permita o coaching?
Em 2013 dei uma entrevista para a Época Negócios falando sobre isso. Alguns anos se passaram desde então, mas continua sendo uma reflexão que poucas empresas fazem antes de contratar um coach. Confira um trecho a seguir e clique no link se quiser continuar a leitura.
“O coach Jorge Teixeira foi chamado por uma empresa para iniciar um trabalho com um dos gerentes. Na primeira reunião com o diretor de Recursos Humanos, ele começou a conversa com a pergunta básica: “Qual o ponto a ser trabalhado no desenvolvimento deste profissional?”. Fez-se o silêncio. Então, Teixeira reformulou a frase. “Que característica específica e com que objetivo essa pessoa precisa trabalhar?”. “Ah, precisa desenvolver a liderança”, disse o diretor de RH.
Liderança é uma resposta tão recorrente quanto genérica, de acordo com Teixeira. “Ser líder em uma empresa conservadora é diferente de ser líder em uma empresa liberal”, afirma. Por isso, quando escuta esse tipo de resposta, ele costuma devolver com mais perguntas: “O que é esperado da liderança aqui? E o que falta neste funcionário para estar alinhado com essa exigência?”. “Mas infelizmente, 50% das companhias que me procuram demonstram não saber o que pretendem com o trabalho”. Nesses casos, ele diz que prefere perder o cliente.
A seguir, os principais motivos que levam Teixeira não fechar um contrato.
1. Falta de clareza sobre o objetivo do coaching.
Pior que uma resposta vaga é resposta nenhuma. “Muitos contratam apenas porque é um recurso disponível no pacote de desenvolvimento individual da pessoa”, afirma Teixeira. “Mas não há nada específico a ser trabalhado”. Em situações como essas, o coach pede que os profissionais da empresa reflitam e cheguem a alguma conclusão objetiva para apontar o caminho do trabalho. “Em grande parte dos casos, eles mesmos desistem de contratar o serviço”.”
Precisamos falar de comunicação
Relações pessoais e de trabalho, durante sua vida toda, dependem da comunicação. Como está a sua?
Como seria a vida se não conversássemos uns com os outros? Bom, talvez não muito diferente do que tem sido. Afinal, muitas vezes o que chamamos de diálogo é, na verdade, a junção de dois (ou mais) monólogos. Quantas vezes já fizemos um pedido para alguém e o resultado não foi o que esperávamos? Quantas vezes brigamos por horas e, de repente, já nem sabíamos mais por quê? Quantas vezes refizemos um trabalho porque entendemos que deveria ser feito algo diferente do que nos pediram? Comunicação é mais do que transmissão de informação. Implica cuidar para que a mensagem seja compreendida. “A comunicação permite muitas versões diferentes de algo que está sendo dito”, afirma Jorge Neto, gentólogo, um especialista que combina seu conhecimento como ex-executivo, coach, psicólogo clínico e consultor sistêmico em atendimentos individuais. “Como não existe uma verdade objetiva, cada um interpreta a sua”.
Segundo Rafael Grohmann, professor de Teorias da Comunicação da ECA-USP e do FIAM-FAAM, a capacidade de escuta não é comum. Isso porque vivemos “em um mundo repleto de informações que tornam a comunicação rara”. O excesso de informação que caracteriza nossa experiência atualmente não é garantia de troca entre as pessoas. Podemos apenas despejar informações sem sermos ouvidos e sem escutar o que é dito pelo outro.
Para se comunicar de maneira eficaz, porém, não basta falar com propriedade e clareza. É preciso também monitorar a sua “audiência”. “O comunicador deve se certificar de que as pessoas estão entendendo o que ele diz, que estão acompanhando o raciocínio”, afirma Jorge Neto. Uma forma do se certificar de que o ouvinte está envolvido na comunicação é perguntar de tempos em tempos, durante a conversa: “Me ajuda a ver se estou conseguindo lhe passar o que eu queria? Como você está entendendo o que estou dizendo até agora?”. Segundo Jorge, estas questões levam a pessoa a resumir o seu entendimento sobre o que foi apresentado, de maneira sutil e respeitosa, sem que se sinta testada. “As respostas esclarecem ao comunicador se ele foi ou não eficiente em sua comunicação”.
Estar atento à escuta do interlocutor, por sua vez, exige sensibilidade de quem fala. Passa pela capacidade de criar empatia, isto é, colocar-se no lugar do outro para entender a sua perspectiva. Mas não é essa a dinâmica que comumente se vê no ambiente corporativo. “Do político ao executivo, eles preparam seus discursos, falam, ao final, todos batem palma e se o público entendeu, é como se tivesse a obrigação de ter entendido”, afirma Jorge. “O que trabalho com meus clientes e pacientes é que a boa comunicação não é assim. O comunicador responsável quer comprometimento de quem está em volta. Ele não só fala, como se certifica de que os outros estão entendendo, acompanhando seu raciocínio”.
Ivan Petrini, sócio da Pyxis Desenvolvimento Humano, consultoria na área de gestão de pessoas, concorda que cabe ao “emissor” buscar a melhor forma de conversar com o “receptor”. “Há pessoas muito sensíveis e outras que são lógicas. Se eu dou um feedback duro para o lógico, ele recebe numa boa. Se eu faço uma crítica mesmo que leve para o sensível, ele tende a desanimar”, diz. De acordo com Ivan, é preciso aprender a “ler” o outro, perceber como ele funciona e, a partir dessa observação, escolher a melhor maneira de se comunicar.
Uma conversa entre pessoas que não se entendem não é comunicação. Pior: é não-comunicação. Para evitar o desencontro de ideias, o consultor Ivan sugere que se dedique um tempo ao alinhamento de referências. Ele também conta que com frequência encontra falhas de comunicação nas empresas para as quais presta serviço. Ele atribui a falta de atenção deste tema a uma hierarquização exacerbada no organograma das empresas. “Funcionários têm medo de falar com o chefe, não sabem qual será a reação dele, têm medo de repressão e de demissão”.
Garantir que alguém entenderá exatamente o que se quer dizer é uma missão impossível. As pessoas veem o mundo com suas lentes, construídas por meio de sua bagagem e vivência, experiências de vida que são únicas. Ao falar de um boné, por exemplo, alguém pode imaginar um acessório apertado, feio e vermelho – como aquele que ele tinha na infância. Outro, porém, pode imaginar um boné de aba reta, muito estiloso, como o de seu ídolo adolescente. Se quer que o interlocutor entenda de que tipo de boné está falando, é preciso ser específico – e se certificar de que o outro entendeu.
Só falo com quem concorda comigo
Outro tipo de não-comunicação, típica dos tempos atuais, é aquela ditada pelos algoritmos das redes sociais, configurados para mostrar mais assuntos relacionados ao nosso histórico de curtidas e menos àquilo de que não gostamos. A princípio, esse comportamento pode soar positivo, uma otimização de tempo. O efeito colateral, no entanto, é a “bolha”, como tem sido chamado esse fenômeno por sociólogos que estudam as interações na rede, como o espanhol Manuel Castells. Afinal, as pessoas podem bloquear todos que pensam diferente delas. Para Thomas Woelz, analista de comportamento e professor de psicologia da PUC, essa atitude barra o desenvolvimento da capacidade de olhar e de pensar nos interesses do outro. “Assim, bloqueamos também a empatia”.
Outra tentação da tecnologia é uma aceleração que pode diminuir a qualidade das relações. Para Rafael Grohmann, o professor de Teorias da Comunicação, a tecnologia permite aumentar a velocidade das conversas de maneira ineficaz: “Às vezes, você nem leu uma mensagem e já está respondendo.” Junto com o processo de aceleração, há uma não escuta. “A pessoa quer falar, falar, falar e realmente não escuta o que o outro está dizendo.”
Para Jorge Neto, o efeito positivo ou negativo da tecnologia é uma questão de escolha de cada um mais do que uma condição. “Com as facilidades da internet, podemos resolver assuntos triviais mais rapidamente e à distância e, quando encontramos as pessoas de quem gostamos podemos aproveitar o olho no olho de maneira mais prazerosa, melhorando a qualidade das relações. A tecnologia não mudou a forma de nos comunicarmos, apenas a deixou mais evidente.”
Como lidar com finais nem tão felizes?
A vida é feita de ciclos e precisamos nos permitir algumas mudanças e encerramentos
Pessoas e vínculos não são para sempre. Uma frase tão óbvia quanto difícil de aceitar. Eu, você e tudo o que construímos possui um prazo de validade. Mas ainda que saibamos que nada é eterno, costumamos sofrer quando encaramos os finais, seja de um relacionamento, de um trabalho, de uma viagem ou de uma vida. A dor costuma ser grande quando perdemos algo ou alguém que não estávamos dispostos a deixar para trás.
No processo de coaching, sempre esbarramos de uma forma ou de outra com estes momentos na vida do profissional e precisamos olhar para estes fatos que muitas vezes nos prendem como amarras.
Não sou budista, mas gosto muito do conceito de impermanência que o budismo apresenta. Não sabemos o que nos acontecerá amanhã. A única certeza absoluta é que vivemos em ciclos. Quando temos 35 anos, a tendência é não reconhecermos quem éramos aos 25 ou aos 15. Mudamos e as pessoas ao nosso redor também. Querer manter nossas vidas e nossos universos fixos é triste e inócuo.
Quando ciclos terminam, normalmente sentimos um vazio interno. O tamanho desse vazio depende da situação e do impacto que ele tem sobre nós. Fins inesperados, como a morte prematura de alguém querido ou uma demissão inusitada, costumam ser choques maiores. Fins esperados, como o término de um curso no exterior ou a chegada da aposentadoria podem ser planejados e o vazio, amenizado. Porém, mesmo diante de fins “conhecidos”, nem todos se preparam. Se a situação presente estiver confortável, é fácil adiar o pensamento sobre o que virá a seguir. A tendência humana é agir como se o momento presente fosse eterno.
Senti esse temor em relação a um sobrinho que, recentemente, voltou ao Brasil após passar dois anos estudando na Europa, morando com um colega. Como seria esse retorno? Essa adaptação a um país em crise após um período feliz? Quando perguntei a ele, disse-me que a volta não tinha sido tão traumática quanto eu imaginava. “Acompanhei tudo o que estava acontecendo no Brasil, sabia como estava a economia e a universidade e não me iludi sobre o que encontraria aqui”, me contou. O pé no chão o ajudou a encerrar o ciclo no exterior.
Os vazios que sentimos têm relação direta com os papéis que representamos na sociedade e que, a cada fim de ciclo, deixamos de interpretar. Imagine que, ontem, você era o CEO de uma grande empresa, marido de alguém que amava, dono de uma casa na praia e de um carro importado. E, de repente, por algum motivo fora de seu controle, deixa de ter algum – ou alguns – desses títulos. Ao perdermos papéis que nos qualificam, muitas vezes, perdemos também o rumo.
O que considero um problema é viver sempre em busca de qualificações externas – ou seja, dependendo daquilo que não depende de você. Estar atrás de um emprego melhor, uma mulher melhor, de um carro melhor, de uma casa melhor. Essa é uma corrida infindável, porque, mesmo que consiga suprir os desejos que vão surgindo, provavelmente um dia tudo isso perderá o sentido. E aí nos deparamos com o vazio do lado de dentro.
É muito comum as pessoas não se darem conta disso até o momento em que vivem uma situação limite, como uma doença grave. Quando o sofrimento acaba, passam a refletir: “Por que eu quero um carro do ano? Para que eu trabalho 12 horas por dia e não vejo meus filhos?”. A relação custo-benefício pode ganhar novas perspectivas.
O que poderia, então, completar esse buraco que cresce dentro de nós? Se as conquistas externas não têm o poder de nos satisfazer por completo?
O que costumo sugerir aos meus pacientes é uma reflexão profunda sobre o que os move. Por que você levanta da cama de manhã? Não é um exercício simples – e, por isso mesmo, muitas pessoas procuram auxílio para atravessar momentos de mudança.
Acredito que cada um deva cultivar o hábito de olhar ao redor, ouvir e arriscar, em vez de apenas se deixar levar pelos acontecimentos. É como a história dos pintinhos na granja. Todos eles comem milho. Alguns, além de comer, levantam a cabeça e olham em volta. Esses são diferentes, não estão somente disputando o milho para sobreviver. Querem ir além.
Esconder (a começar, de si mesmo) o sofrimento causado pelo vazio também não é uma saída eficaz. Não dá para fazer isso para sempre. Em algum momento, o mal-estar sairá do esconderijo, gritando. A psicologia incentiva as pessoas a viverem seu sofrimento, e o divide em algumas fases, pelas quais a maioria das pessoas passa, nesta ordem: culpar alguém pelo fim, seja ele mesmo ou o outro; resistir ao término; negar a realidade, criando fantasias; ter dificuldade para ver sentido na vida; e, finalmente, uma fase de levantar a cabeça e dizer: “Bom, aconteceu, sofri, mas e agora? Vou começar tudo de novo”.
Depois dessa experiência de altos e baixos, vale fazer um balanço do que sobrou da experiência em você: boas lembranças, mágoas, ensinamentos? Mas a ideia não é remoer o passado com amargura e culpa. O exercício é avaliar o que aconteceu, o que poderia ter sido feito melhor, sem culpa. É a partir dessa autoavaliação que se pode extrair aprendizados e perceber o que sobrou, o que formará essa nova pessoa, agora pronta para outros ciclos.
Alguns dizem que o tempo é o melhor remédio. Eu discordo. Para mim, o tempo pode ajudar muito, mas a consciência é o melhor remédio. O tempo permite que você se distancie daquela situação, que ganhe outras perspectivas do todo. Mas ter consciência é mais que isso. É tomar as rédeas da situação.
Minha sugestão é que, depois de uma ruptura, dê-se o tempo necessário para viver a experiência. Pergunte-se: “Com o que me sobrou, o que posso fazer, experimentar e conhecer?” Existe todo um mundo ao redor de uma porta fechada. Mas só quem está de olhos e mente abertos pode percebê-lo.
A DIFERENÇA ENTRE ÓCIO E PROCRASTINAÇÃO
Não fazer nada por opção é uma coisa; deixar sempre para amanhã a resolução dos problemas é outra
NO PROCESSO DE COACHING, SEMPRE ME DEPARO COM MEU COACHEE NESTA QUESTÃO:
ÓCIO OU PROCASTINAÇÃO ? VAMOS ENTENDER DE UMA VEZ POR TODAS?
Se você sempre deixa para amanhã as tarefas que considera chatas ou desgastantes, você é um procrastinador. Porém, por mais que você adie a resolução dos problemas, cedo ou tarde vocês se esbarrarão em alguma esquina – e você sabe disso. Quando acontecer, talvez o mal-estar seja ainda maior, pois será pego de surpresa para enfrentar o desafio. É aí que está uma das principais diferenças entre a procrastinação e o ócio. Enquanto a primeira atitude posterga indefinidamente questões incômodas com desculpas esfarrapadas, a segunda é uma opção consciente de não fazer nada. O ócio não é uma fuga. É um templo de reflexão sem culpa porque quem o desfruta sabe que há outro momento reservado para resolver as pendências.
Assim como a procrastinação, o ócio, porém, não costuma ser bem visto por quem está ao nosso redor. Em um mundo focado em produzir e consumir, ficar parado sem fazer nada pode soar como uma atitude ofensiva. Mas assim como nossos aparelhos eletrônicos que precisam de vez em quando de uma recarga na tomada, nosso corpo e nossa mente também pedem pelo descanso para se recompor. O ócio permite fugir da rotina apressada e decantar nossos dilemas. Tão ruim quanto não encarar o que nos desafia e incomoda é tentar resolver a vida sem nenhuma calma ou reflexão.
A procrastinação o perturba no dia-a-dia? Na sua vida não há espaço para o “fazer nada”? As ideias a seguir podem lhe ajudar a pensar sobre esse tema.
ASSUNTOS ESPINHOSOS
Existem assuntos que tendem a ser procrastinados. Problemas em relacionamentos, na família, doenças graves ou decisões complicadas no trabalho. São questões que, lá no fundo, você sabe que precisará resolver, mas lhe falta coragem para encará-los. Então deixa para depois. Muitas vezes, nos enganamos ao ignorar o que nos incomoda, ao não procurar o porquê do problema e só querer empurrá-lo para frente.
Cada um tem as suas fragilidades. Imagine dois gerentes de uma fábrica. Cada um deles precisa demitir 20 funcionários. Para um, pensar na dor da demissão e na situação das famílias pode ser devastador. “Minha nossa, não posso fazer isso agora. Vou deixar para depois”, conclui. Para o outro, como a situação do país e da empresa são difíceis, a única maneira de a empresa continuar existindo é, infelizmente, manter um quadro reduzido. O segundo gerente, provavelmente, fará suas demissões mais rapidamente e sem tanto sofrimento.
Um não é melhor do que o outro. São apenas personalidades diferentes e, consequentemente, maneiras diversas de lidar com uma mesma situação.
O primeiro passo para lidar com assuntos espinhosos é ter a coragem de encará-los. Quais tipos de problemas que mais lhe incomodam? Responder essa pergunta é fundamental para seguir em frente.
MOTIVAÇÃO
A falta de comprometimento com projetos, sejam da empresa ou da família, aumentam a chance de você procrastinar. Há um exemplo simples, mas bem ilustrativo. Dois pedreiros estão colocando os tijolos de uma parede. Quando perguntados o que estão fazendo, um responde que coloca o tijolo, depois a argamassa e assim por diante até a altura determinada. O outro responde que está fazendo o primeiro quarto de um total de três que terá a casa. Quem você acredita que tem mais chance de deixar o término da parede para o dia seguinte? Provavelmente quem está menos motivado.
Motivação, no entanto, não significa trabalhar sempre, até de madrugada, para resolver todos os problemas da listinha. Quem teve um dia difícil é capaz de perceber que algumas tarefas serão melhor executadas depois de uma noite de descanso. Se há tempo suficiente para diluir as obrigações de maneira planejada, por que não?
A BUSCA DA PERFEIÇÃO
Você é daqueles que só entra no negócio se for para ficar perfeito? Bem… o perfeccionismo também o leva a procrastinar. Pessoas perfeccionistas e muito exigentes consigo mesmas costumam acreditar que, se não podem fazer o melhor trabalho do mundo, é melhor nem começar. Quanto mais perfeccionista, menos tende a se arriscar naquilo que não conhece muito bem e, assim, adiar essa experiência ou até evitá-la.
E QUANDO EU NÃO QUERO FAZER NADA, ALGUMA OBJEÇÃO?
Claro que não! Isso é o ócio. Como dito no começo do texto, o “fazer nada” não é um “pecado”. Fazer nada, conscientemente, é até muito bom, pois proporciona um momento para organizar, recarregar e clarear a mente. Diversas pesquisas científicas já comprovaram que o corpo precisa desses momentos para continuar produtivo.
Ao mesmo tempo em que ficar sozinho imerso em seus pensamentos ajuda a esclarecer as ideias, essa pode ser uma experiência assustadora para muita gente. Essa resistência, muitas vezes inconsciente, de olhar para si mesmo faz com que se fuja dessa situação. Cria-se mais e mais urgências adiando o momento de ficar sozinho e silenciar. E fazer isso é muito fácil em um mundo repleto de informação e estímulos à interação. Mas pode ser uma armadilha.
O drama do ócio também é cultural. “Mente vazia, oficina do diabo!” – quem nunca ouviu ou disse essa frase? A não-produtividade é um tabu. Não à toa, a palavra negócio significa, etimologicamente, negar o ócio. Mas a vida não são só negócios, certo? Por isso, encontre tempo para você, pare, olhe para dentro e pense sem restrições.
COMO TER MAIS ÓCIO E MENOS PROCRASTINAÇÃO EM SUA ROTINA?
A primeira dica é identificar onde o seu calo aperta. Quais problemas você tem dificuldade de encarar? Quais são as suas resistências? Quais são as origens das suas dificuldades? E até: do que você sente medo? Olhar para dentro é difícil mesmo, e é por isso que algumas pessoas procuram ajuda profissional nessa fase, recorrendo a terapias, por exemplo.
Depois, coloque no papel as pendências que fazem seu coração acelerar. Pode parecer uma tarefa simples, mas não se surpreenda se revelar-se difícil. De qualquer forma, é um ótimo começo. Coloque ordem nesses problemas e dê prioridade a cada um deles. Sabendo quais são seus obstáculos, estabeleça prazos factíveis para solucioná-los. Se há uma questão familiar que exigirá dedicação intensa, mas você está prestes a entregar um grande projeto no trabalho, garanta que no mês seguinte a família será prioridade. A consequência de não cuidar dos problemas é uma só: o que não é resolvido não sumirá. E, pior ainda, pode virar uma bola de neve.
Quando estiver com a vida mais organizada, você terá mais facilidade para criar momentos de ócio. Sem culpa.
COACH – LEI DO 1/3 COPA 2014
No coaching temos uma “lição ” importante a compartilhar com o coachee, que cabe muito bem neste momento do futebol brasileiro na copa. Na lei do 1/3 explana-se que qualquer meta, objetivo, acontecimento, a lei do 1/3 precisa ser seguida:
1/3 É de sua responsabilidade, é o que depende de você para atingir um objetivo.(na copa é como jogador dá o seu melhor)
1/3 Depende do outro, este O Outro pode ser seu chefe, seu parceiro.(na copa o juiz, o oponente),
1/3 Depende da “sorte ou destino ou Deus, acaso, aleatório” Você e seu chefe podem estar de acordo com seu desempenho mas a crise econômica imobiliária americana de 2008 acontece…..(na copa, um escorregão) ler mais…