Segundo o psicoterapeuta, Bert Hellinger, a sensação de pertencimento é necessária para uma pessoa que vive em sociedade
Pertencer a um país, uma cidade, um grupo ou uma família é um direito inalienável ao homem. Desde que o ser humano habita a Terra, como estudamos a nossa espécie desde a antiguidade, constatamos que o banimento de um grupo social sempre foi usado como um castigo.
Migrações forçadas de um território para outro, buscando um lugar onde não se sintam escravos foi e ainda é um fardo carregado por parte do mundo. Mesmo que hoje existam proteções diplomáticas e legais, esse tipo de “castigo” ainda é praticado.
Isso mostra como o ser humano pode sofrer quando arrancam dele o pertencimento à uma tribo, um grupo, ou uma sociedade.
Em uma família, por exemplo, todos fazem parte igualmente: o mais novo, o ancião que já tem dificuldade de memória, o “outsider”, o filho gerado de maneira não esperada. Não importa, todos pertencem e têm o direito ao universo família.
Esse direito é oferecido pelo sistema familiar. Quando alguém é arrancado de algum tipo de sistema social (o familiar ou qualquer vivência em sociedade), este sistema reage com transtornos, como um disco de vinil empenado, ou um CD riscado, que toca, mas toca desafinado. Assim, esse ser removido do convívio familiar procurará fora do sistema em que estava algum outro grupo que nem ele mesmo sabe que tipo será.
Mundo corporativo
Nas empresas ou organizações, o pertencimento tem a mesma base, mas funciona de forma diferente. Como o sistema nesse mundo pede acordos, trocas, voluntários, o “banimento” muda.
Nesses casos, o indivíduo pode deixar de fazer parte de algum acordo, por decisão própria ou da empresa, da organização. Para isso, basta explicitar sua necessidade de forma clara e justa, sem deixar dívidas financeiras, morais e nem serviços pendentes.
Porém, esse “banimento” pode acontecer de forma dura e em determinada idade, quando o indivíduo é excluído porque chegou o momento de se aposentar. Enquanto o momento não chega, mas se aproxima, ele é tratado como um apartado, alguém que deve ser deixado de lado. Sua área está sendo extinta e ao invés de ser despedido de forma honrosa e agradecida por toda a colaboração, ele é colocado, num “depósito de gente”, à disposição, como se fosse um utensílio esperando por manutenção.
Com atitudes assim, o sistema se ressente, as pessoas, internamente, se solidarizam com aquele membro. Elas percebem a injustiça e que aquilo pode, facilmente, acontecer com elas a qualquer momento. É aí que a confiança se rompe e o que era um sistema de confiança dentro da empresa e da organização fica tênue e inseguro.
Cuidado ao mexer com o pertencimento de alguém dentro de uma empresa, de uma organização, de uma tribo, de uma sociedade ou de uma família. Dependendo de como isso for feito, tal atitude pode desestabilizar a estrutura do sistema de pertencimento de um modo geral. Todos serão impactados.
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